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La Chispa De La Vida

Crítica – La Chispa De La Vida

Oba! Filme novo do Álex de la Iglesia!

Um publicitário desempregado sofre um acidente durante a badalada inauguração de um teatro, e tenta vender seus direitos de imagem para providenciar dinheiro para sua família.

Sei que Álex de la Iglesia não é um nome muito conhecido por aqui. Mesmo assim, conheço bem sua carreira – já vi oito dos seus filmes. Admito, sou fã do cara.

Meu primeiro contato com este peculiar diretor espanhol foi com Ação Mutante, uma ficção científica com um pé no trash – pessoas deformadas criam um grupo que pratica atentados terroristas contra academias de ginástica ou qualquer coisa a favor da “ditadura da beleza”. Pouco tempo depois, participei de uma rara sessão teste, do filme O Dia da Besta – com direito a questionário no final da sessão (acho que não respondi as respostas certas, o filme não foi lançado comercialmente). Depois veio Perdita Durango, produção hollywoodiana com sinopse bizarra. A Comunidade heu comprei o dvd; Crime Ferpeito foi lançado nos cinemas; The Oxford Murders só apareceu via download; e Balada do Amor e do Ódio passou no Rio Fan ano passado. E chegamos a este La Chispa de La Vida – oito filmes de um diretor pouco conhecido, nada mal, né?

(Ainda tem mais um, 800 Balas, que tá na minha prateleira de dvds esperando na interminável “fila” de filmes a serem vistos…)

Escrevi tudo isso aí em cima pra falar que achei La Chispa de La Vida um filme discreto e comportado, comparado à filmografia do diretor. Às vezes nem parece que é o mesmo Álex de la Iglesia… (The Oxford Murders também é “bem comportado”.) Pelo menos achei melhor que o seu último, Balada do Amor e do Ódio, que mantém o estilo esquisito tradicional do diretor, mas na minha humilde opinião, um pouco acima do tom.

O filme é bem comportado, mas pelo menos traz bons personagens de moral duvidosa. Achei isso o melhor de La Chispa de La Vida: quase todos os personagens são fdps! Até o fim do filme ficamos na dúvida sobre qual vai ser o comportamento de certos tipos.

Os personagens são bem construídos e bem interpretados. No elenco, só um nome conhecido por aqui, Salma Hayek. Não sei se o resto do elenco é famoso na Espanha, só sei que aqui fizeram um bom trabalho: José Mota, Blanca Portillo, Carolina Bang, Manuel Tallafé, Fernando Tejero, Juan Luis Galiardo e Antonio Garrido.

O filme é curto (pouco mais de uma hora e meia), e tem um roteiro bem amarrado, mantendo toda a ação no período de um dia e uma noite. E apesar do tema delicado do acidente, La Chispa de La Vida não tem cenas fortes, visualmente falando.

La Chispa de La Vida não é o melhor dos filmes de Álex de la Iglesia, mas mesmo assim não vai decepcionar seus fãs.

Balada do Amor e do Ódio/ Balada Triste de Trompeta

Crítica – Balada do Amor e do Ódio / Balada Triste de Trompeta

Uêba! Filme novo escrito e dirigido pelo Álex de La Iglesia!

Espanha, anos 70. Descendente de uma família de palhaços, Javier começa a trabalhar num circo como o “Palhaço Triste”, ao lado do palhaço Sergio, um bom profissional, mas uma pessoa de temperamento muito complicado. Tudo fica ainda mais complicado quando a trapezista Natalia, namorada de Sergio, se aproxima de Javier.

Olha, sou fã do Álex de La Iglesia, e admito que gosto de filmes esquisitos. Mas preciso reconhecer que ele não foi feliz aqui. Balada do Amor e do Ódio é bizarro demais!

O filme já começa estranho. Rola um prólogo na década de 30, com palhaços na linha de frente de guerra. Depois segue estranho com a história do Palhaço Triste. E, a partir da fuga de Javier do hospital, tudo fica bizarro demais. A loucura de Javier nos faz perder qualquer interesse por um personagem que já não tinha muito carisma!

A parte técnica do filme é boa, gostei da fotografia com cores escuras. Também gostei do elenco, que conta com Carlos Areces, Carolina Bang e Antonio de la Torre. O problema está no roteiro mesmo…

O penúltimo filme de Álex de La Iglesia tinha sido o fraco Los Crimenes de Oxford. Não foi um filme ruim, só perde na comparação com outros como Ação Mutante, O Dia da Besta e Crime Ferpeito. E agora, veio este Balada do Amor e do Ódio. Sr. Álex, ainda estou esperando à volta aos bons tempos, ok?

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Se você gostou de Balada do Amor e do Ódio, o Blog do Heu recomenda:
Crime Ferpeito
O Orfanato
Los Ojos de Julia

The Oxford Murders / Los Crimenes de Oxford

The Oxford Murders / Los Crimenes de Oxford

Na Universidade de Oxford, um professor inglês (John Hurt) e um aluno americano (Elijah Wood) ajudam a polícia a tentar solucionar uma série de crimes aparentemente ligados a símbolos matemáticos.

O filme é daquele tipo “mistérios misteriosos”, onde a gente fica tentando adivinhar quem será o próximo a morrer, como e por que, e logo vem uma virada de roteiro que nos joga em outra direção. Neste ponto, o filme flui bem, apesar da trama ser um pouco confusa. O problema é que certas coisas na história parecem meio forçadas demais, e aí o que antes funcionava perde a credibilidade.

Sou fã do diretor espanhol Álex de la Iglesia. Gosto de quase todos os seus filmes: Ação Mutante, O Dia da Besta, Perdita Durango, A Comunidade, Crime Ferpeito… Todos trazem um delicioso ar de filme B, um irresistível humor meio trash. Bem, quase todos. Este The Oxford Murders não tem cara de Álex de la Iglesia… Não falo isso só porque o filme se passa na Inglaterra e os atores principais são hollywoodianos. Perdita Durango é em inglês e se passa na América! The Oxford Murders simplesmente parece ser feito por outra pessoa. Não é um filme ruim, apenas não tem a cara do diretor.

Elijah Wood e John Hurt estão bem em seus papéis, o aluno e o professor que desconfiam um do outro. Nos papéis femininos, temos Julie Cox e Leonor Watling (o único nome espanhol no elenco principal). O francês Dominique Pinon faz um pequeno e importante papel.

A trama usa muitas referências matemáticas e é um pouco difícil de acompanhar, mas pelo menos a solução do filme tem uma certa lógica, apesar de também soar meio forçação de barra – ainda não “enguli” o terceiro assassinato, e achei muita viagem o quarto.

Não vi nada sobre este filme aqui no Brasil, apesar dele ser de 2008. Nem título em português! Por enaquanto, só via download…

Crime Ferpeito

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Crime Ferpeito

Já falei aqui que gosto muito de humor negro? Pena que temos tão poucas produções nessa onda. E considero esta modesta produção espanhola de 2004 uma das melhores comédias de humor negro dos últimos anos.

Rafael (Guillermo Toledo) é o melhor vendedor de uma grande loja de departamentos em Madri. Adorado pelas vendedoras, idolatrado pelos os colegas, ele leva uma vida em alto estilo e almeja o cargo de gerente do andar. Até que um acidente coloca Lourdes (Mónica Cervera), a mulher mais feia da loja, em ponto chantageá-lo…

O filme é muito engraçado. O roteiro, redondinho, mostra várias situações hilariantes às quais o nosso “heroi” é exposto. Se antes ele era o perfeito latin lover, ele passa a conviver com mentiras, situações constrangedoras, e até um fantasma!

Não foi a primeira vez que o genial diretor Álex de la Iglesia mostrou que tinha mão boa para este tipo de comédia. Me lembro de seu primeiro filme a chegar em terras tupiniquins, a ficção científica Ação Mutante, onde um grupo terrorista composto de pessoas deformadas age atacando academias de ginástica e qualquer coisa que faz parte do culto à beleza física (vi esse filme no cinema, sem legendas, e depois consegui comprar o vhs!). E seu filme seguinte, o terror O Dia da Besta, também tem seus momentos hilários, com um padre que quer se aproximar do mal.

E tem mais um pequeno detalhe muito interessante: o “ferpeito”, usado no título e em uma cena importante, foi inspirado no personagem de quadrinhos Obelix! Quem já leu Asterix sabe que quando Obelix fica bebado, ele fala “ferpeitamente”!

Enfim, boa pedida para quem curte um humor não ortodoxo!