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Sombras da Noite

Crítica – Sombras da Noite

Uêba! Filme novo do Tim Burton!

No sec XVIII, o rico comerciante Barnabas Collins quebra o coração de uma bruxa. Como vingança, ela o transforma em vampiro e o deixa preso num caixão por duzentos anos. Em 1972, Barnabas consegue sair, e encontra sua mansão e sua família em ruínas.

Sombras da Noite (Dark Shadows, no original) é a adaptação de um antigo programa de tv homônimo, que foi ao ar entre 1966 e 1971. Não conheço o programa de tv, então não posso dizer se foi uma boa adaptação. Mas o filme, apesar de alguns escorregões aqui e ali, é divertido.

Vamos primeiro ao que funciona. Tim Burton é um dos poucos cineastas com personalidade na Hollywood contemporânea – seus filmes têm “cara de Tim Burton”. E Sombras da Noite tem essa “cara”, um filme ao mesmo tempo sombrio e engraçado, com o visual cheio de cores e detalhes que remetem a outros filmes do diretor, como Os Fantasmas se Divertem, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e A Noiva Cadáver. A direção de arte e a fotografia são pontos muito positivos aqui, pelo menos para os apreciadores do estilo de Burton. E a ambientação nos anos 70 está excelente.

O elenco é outro destaque. Pela oitava vez, Johnny Depp trabalha em um filme de Tim Burton – mais uma vez, ao lado de Helena Bonham-Carter (a dupla esteve junta nos quatro filmes anteriores de Burton, A Fantástica Fábrica de Chocolate, Noiva Cadáver, Sweeney Todd e Alice no País das Maravilhas). Ambos estão muito bem, assim como Michelle Pfeiffer e Jackie Earle Haley. Mas o melhor do filme são as atuações da jovem Chloë Grace Moretz, cada vez mais madura e melhor atriz; e de Eva Green, fantástica como a bruxa. Ainda no elenco, Jonny Lee Miller, Bella Heathcote e Gulliver McGrath, além de participações especiais de Christopher Lee e Alice Cooper (interpretando ele mesmo).

Mas… A história não tem muita consistência, parece que o roteiro só funciona nas boas piadas sobre a dificuldade de adaptação de um vampiro do sec XVIII aos anos 70 (algumas das melhores cenas são explorando isso). No resto, a trama não convence muito. Um exemplo: fica claro porque Barnabas quer Victoria, mas por que ela se apaixonaria por ele?

Mesmo assim, gostei de Sombras da Noite. Leve e divertido, com um pé na bizarrice – como todo bom filme do Tim Burton deve ser!

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Se você gostou de Sombras da Noite, o Blog do Heu recomenda:
Alice no País das Maravilhas
A Hora do Espanto
Deixe-Me Entrar

9 – A Salvação

9 – A Salvação

Um boneco de pano acorda num ambiente desértico pós apocalíptico, onde não se vê mais ninguém vivo. Acaba encontrando outros bonecos parecidos com ele e tenta convencê-los a juntos lutarem contra uma besta mecânica.

Antes de virar um longa, o diretor Shane Acker fez um curta (que você pode ver aqui), em 2005, que chegou a ser indicado ao Oscar. Tim Burton viu e gostou, e resolveu produzir a transformação deste curta num longa. E de quebra ainda chamou o russo Timur Bekmambetov (de Guardiões da Noite) para ajudar na produção.

Ter virado um longa teve seu lado bom e seu lado ruim. Por um lado, os personagens e cenários estão mais bem explorados; mas em compensação, em alguns momentos, rola encheção de linguiça – não precisávamos de tantas explicações sobre a guerra, por exemplo!

Uma vantagem de ter virado uma grande produção é o elenco que dublou. Se o curta não tinha diálogos, este longa tem Elijah Wood, Jennifer Connelly, Christopher Plummer, Martin Landau, John C. Reilly e Crispin Glover. Conhecemos cada boneco e sua personalidade diferente, isso ficou melhor no longa do que no curta.

O visual de 9 – A Salvação chama a atenção. Os cenários pós guerra são belíssimos, e os bonecos de pano são muito bem feitos – acredito que fariam sucesso numa loja de brinquedos…

O filme flui bem até quase o fim. Mas heu, particularmente, detestei o final. Não vou falar aqui por causa de spoilers, mas achei o fim decepcionante. Talvez exista uma explicação que heu não entendi…

Apesar de não ser exatamente uma animação para o público infantil, 9 – A Salvação pode agradar as crianças – minha filha de nove anos viu e gostou. Ela só não gostou do final…

Alice no País das Maravilhas

Alice no País das Maravilhas

Heu já estava na pilha para ver este filme há um tempo, desde que vi a minissérie para tv Alice, do SyFy. Mas tive que esperar para ver junto com a minha filha de nove anos. Afinal, o nome dela é Alice…

No filme, Alice, agora com 19 anos, foge de uma festa onde ela será proposta em casamento, e acaba caindo novamente no buraco do coelho. O problema é que ela não se lembra de nada da sua visita anterior, e seus antigos amigos tampouco têm certeza se é a “Alice certa”. E agora Alice precisa cumprir o seu destino e lutar contra a Rainha Vermelha.

Alice no País das Maravilhas é Tim Burton, né? Burton é um dos poucos cineastas com um trabalho autoral atualmente. E a história de Lewis Carroll da Alice no País das Maravilhas se encaixa perfeitamente no seu estilo viajante. O visual do filme é alucinante. Tudo, cenários, cores, personagens, props (objetos de cena), tudo é muito legal dese ver.

(Em 1989, li o livro original. É uma grande viagem lisérgica. Na época, fiquei imaginando que o único diretor capaz de transpor isso para as telas seria Terry Gilliam. Afinal, na época, Gilliam tinha acabado de fazer As Aventuras do Barão Munchausen, enquanto Burton estava envolvido no primeiro filme do Batman. Mas admito que Burton fez um bom trabalho. Será que existe em Hollywood um terceiro diretor capaz de um fato destes? Que tal uma versão mais dark por Guillermo del Toro?)

A ainda desconhecida australiana Mia Wasikowska interpreta o papel título, num filme onde poucos atores mostram a cara de verdade. Digo isso porque efeitos de maquiagem e de cgi mudaram bastante as feições de Johnny Depp e Helena Bonham Carter (atores que estão em boa parte dos filmes de Burton), e também de Anne Hathaway e Crispin Glover.  Isso porque vi a versão dublada, então nem ouvi as vozes de Stephen Fry, Michael Sheen, Alan Rickman, Timothy Spall e Christopher Lee…

Os efeitos especiais são excelentes. Alice muda de tamanho diversas vezes, animais conversam, um dos exércitos é de cartas enquanto o outro é de peças de xadrez… Os efeitos são tão detalhistas que o Valete de Crispin Glover parece um boneco e não uma pessoa!

De negativo, podemos constatar que o 3D não é lá grandes coisas. Alice no País das Maravilhas não foi filmado em 3D, o efeito foi inserido depois, dividindo o filme em camadas, então não tem profundidade. Não acho certo que o espectador pague mais caro por isso!

Para finalizar, deixo uma pergunta para quem viu o filme: Você sabe qual é semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?

Marte Ataca!

Marte Ataca!

Marte Ataca! (Mars Attacks! no original) é uma das mais divertidas homenagens já feitas aos filmes vagabundos de ficção científica, os clássicos filmes “B”.

A trama é simplérrima: centenas de discos voadores vêm para a Terra trazendo marcianos, pequenos homens verdes de cabeça grande. Seu objetivo? Matar humanos, ora!

O legal do filme é que em momento nenhum nada é levado a sério, a começar pelo visual dos discos voadores e dos próprios marcianos. E, pra melhorar, ainda sobra espaço para várias piadas politicamente incorretas – heu adoro o momento que o hippie solta a pomba exclamando “eles vieram em paz!”

Lendo isso, a gente pode pensar que o filme é vagabundo, né? Que nada. Os efeitos especiais são excelentes, apesar da aparência tosca. E o elenco…

É uma das maiores constelações da história de Hollywood! Jack Nicholson, Glenn Close, Annette Bening, Danny De Vito, Pierce Brosnan, Natalie Portman, Martin Short, Rod Steiger, Lucas Haas, Michael J. Fox, Sarah Jessica Parker, Tom Jones, Jim Brown, Pam Grier, Lisa Marie, Barnet Schroeder, e ainda traz um Jack Black novinho e de cabelo raspado! (Christina Applegate também está creditada, “acho” que é a namorada de Black…)

Marte Ataca! foi lançado pouco depois de Independence Day, o filme catástrofe de invasão alienígena de Roland Emmerich. Um parece o oposto do outro – se em um tudo é levado a sério, no outro tudo é escrachado. Aliás, uma boa comparação seria: enquanto Independence Day é um filme “B” com cara de grande produção, Marte Ataca! é uma grande produção com cara de filme “B”…

Marte Ataca! foi dirigido por Tim Burton, que até hoje sempre se destacou pelo esmero com que cuida da parte visual de seus filmes – Alice, seu mais novo filme, que estreia aqui em abril (mês que vem!), promete manter a tradição, como em filmes como Beetle Juice, Edward Mãos de Tesoura, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, A Fantástica Fábrica de Chocolates, Noiva Cadáver e Sweeney Todd, entre outros.

Marte Ataca! foi lançado nos cinemas em 1996. Já foi lançado em dvd por aqui, mas é um daqueles títulos mal lançados e quase impossível de se encontrar. Pena…

Sweeney Todd

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Sweeney Todd

Numa Londres dos tempos vitorianos, um barbeiro condenado e exilado por um crime que não cometeu volta 15 anos depois com sede de vingança. E, num clima doentio, assassina clientes de sua barbearia, enquanto a loja de tortas de carne do andar abaixo usa a carne dos cadáveres em suas tortas.

Por mais que seja uma história de terror, o novo filme de Tim Burton é baseado no musical de Stephen Sondheim, original da Broadway. Ou seja, estamos diante de um musical – de terror!

Tim Burton é o nome perfeito para um filme desses. Hoje em dia, Tim Burton é um dos únicos diretores hollywoodianos que mantém um estilo próprio. Você vê o filme e logo reconhece o seu autor. Principalmente quando lembramos as suas parcerias com Johnny Depp: esse é o sexto filme da dupla, antes vieram Edward Mãos de Tesoura, Ed Wood, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, A Fantástica Fábrica de Chocolates e A Noiva Cadáver (sim, é animação, mas as vozes do casal principal são as mesmas deste Sweeney Todd).

Uma prova de que Tim Burton é “o cara” é que Stephen Sondheim estava relutante para liberar o musical para uma versão cinematográfica, mas depois de uma conversa entre os dois, Burton explicou a sua visão sobre Sweeney Todd, e então Sondheim liberou as músicas, com a condição que aprovasse os atores cantores. Claro que Burton queria Depp para o papel principal, mas Sondheim achava que ele seria muito “rock’n’roll” pro papel. Mas Depp não teve problemas com isso, e se submeteu aos testes de voz. Helena Bonham Carter, apesar de esposa do diretor, também teve que fazer os testes. Sondheim aprovou ambos.

O elenco, aliás, é curioso. Diferente de produções como Rent – que trouxe para as telas vários nomes da Broadway, ou Hairspray – que usa atores famosos por terem intimidade com papéis cantados; Sweeney Todd tem atores que não são lembrados por serem cantores. Além de Depp e Carter, temos Alan Rickman (o Snape de Harry Potter), Timothy Spall (também de Harry Potter, além de um monte de papéis pequenos em filmes diversos) e Sacha Baron Cohen – sim, o Borat! – que está sensacional, aliás. Além desses, ainda temos alguns bons e importantes papéis na mão de atores até agora desconhecidos, como Laura Michelle Kelly, Jayne Wisener e Jamie Campbell Bower.

Apesar de seu clima sombrio e seu anti-herói, Burton e Depp conseguiram fazer um filmaço. Johnny Depp levou o Globo de Ouro de melhor ator pelo papel, mas perdeu o Oscar pro Daniel Day Lewis…