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As Aventuras de Tintim

Crítica – As Aventuras de Tintim

Estreou a aguardada adaptação dos quadrinhos franceses belgas!

Junto com o Capitão Haddock e o cachorrinho Milu, o intrépido repórter Tintim sai em uma caça a um tesouro em um navio no fundo do mar.

A história desse filme vem de longe. Quando Steven Spielberg lançou Caçadores da Arca Perdida em 1981, um crítico comparou o filme com os livros do Tintim, do desenhista Hergé. Spielberg não conhecia Tintim, comprou os livros e virou fã. A admiração foi recíproca: Hergé declarou que Spielberg seria o nome certo para uma possível adaptação cinematográfica. Quando Hergé faleceu em 83, Spielberg comprou os direitos e quase rolou um filme em 84 (Jack Nicholson foi cogitado para ser o Capitão Haddock!).

Mas o projeto foi deixado de lado, sabe-se lá por qual motivo. Até que, recentemente, Spielberg resolveu retomar os trabalhos, e entrou em contato com Peter Jackson, para ver a viabilidade de fazer um cãozinho Milu digital através da WETA (companhia de efeitos especiais de Jackson). Jackson já era fã do Tintim, e resolveram então fazer uma parceria e produzir três filmes em animação por captura de movimento – atores usam sensores pelo corpo, que são interpretados pelo computador.

Além de ter dois grandes nomes na produção, o roteiro de As Aventuras de Tintim (baseado nos livros O Caranguejo das Pinças de Ouro e O Segredo do Licorne) também tem pedigree: foi escrito pelo trio britânico Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto, Scott Pilgrim), Steven Moffat (Doctor Who, Sherlock BBC) e Joe Cornish (Attack The Block). Spielberg dirigiu este primeiro filme e Jackson está dirigindo o segundo – não achei no imdb qual será a previsão de estreia.

Há anos que Spielberg deixou o seu auge, mas mesmo assim ele não costuma decepcionar. Seus últimos 15 anos foram mais fracos que o início de sua carreira, mas ele ainda manteve uma média bem melhor do que a maioria em volta dele (com filmes como O Resgate do Soldado Ryan ou O Terminal). E aqui Spielberg está novamente em boa forma. As Aventuras de Tintim é muito bom. Não sei se vai se tornar um clássico e figurar ao lado de Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Caçadores da Arca Perdida, ET, Tubarão ou Parque dos Dinossauros. Mas com certeza é melhor que Minority Report e Guerra dos Mundos

Tecnicamente, o filme é impressionante. O sistema de captura de movimento não é novidade, já vimos antes em filmes como Expresso Polar e Beowulf. Mas aqui a qualidade está muito superior. Ainda mais em 3D. A qualidade da imagem é algo poucas vezes visto – pena que o Oscar não aceita captura de movimentos no Oscar de animação, senão acho que As Aventuras de Tintim seria a grande barbada (além do mais porque o filme da Pixar este ano foi o fraco Carros 2).

(O novo Planeta dos Macacos usa o mesmo sistema para os macacos do filme. A diferença é que em As Aventuras de Tintim é o filme inteiro, e não alguns personagens. Coincidência ou não, Andy Serkis teve papeis centrais em ambos os filmes.)

Uma das sequências sozinha já valeria o ingresso, mesmo se As Aventuras de Tintim fosse ruim (o que não é). Sabe plano-sequência, quando a câmera acompanha uma cena sem cortes? Bem, em uma animação, um corte e uma emenda podem facilmente ser feitos. E mesmo assim, As Aventuras de Tintim traz um dos planos-sequência mais sensacionais que heu já vi, na cena da perseguição aos três pergaminhos. A “câmera” passeia por ângulos que seriam impossíveis de ser usados se fosse uma filmagem real.

Com relação ao elenco, é complicado falar do trabalho de atores que não aparecem na tela. Mas deu pena de ver o filme dublado e descobrir que a dupla de detetives atrapalhados Dupon e Dupon é feita por Simon Pegg e Nick Frost, de Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Paul – aposto como isso está mais engraçado no som original. No resto do elenco, Jamie Bell e Daniel Craig se juntam ao “veterano” Andy Serkis no sistema de captura de movimento.

O filme, propositalmente, não tem fim, rola um gancho para a continuação. Aguardemos o filme de Peter Jackson!

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Se você gostou de As Aventuras de Tintim, o Blog do Heu recomenda:
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
Os Goonies
As Múmias do Faraó

Todo Mundo Quase Morto

Crítica – Todo Mundo Quase Morto

Vi Todo Mundo Quase Morto na época que foi lançado por aqui em dvd, em 2004, antes de começar o blog. Desde que comecei a escrever aqui, tinha vontade de rever para falar dele. Depois de ter visto Paul, me empolguei e peguei o dvd na prateleira – claro que já tinha este filme em casa!

Shaun (Simon Pegg) quer consertar sua vida. Para isso, quer voltar com sua ex-namorada e se reconciliar com sua mãe. Mas uma epidemia de zumbis que acaba de começar na cidade pode atrapalhar os seus planos.

O filme é muito bom, isso todo mundo já sabe. Traz um perfeito equilíbrio entre comédia e terror, com algumas pitadas de drama, equilíbrio poucas vezes visto por aí. O roteiro escrito pelo diretor Edgar Wright e pelo protagonista Simon Pegg é ótimo, e traz várias cenas antológicas, como aquela onde os vivos andam tortos no meio dos zumbis, ou quando escolhem quais são discos que podem ser atirados e quais merecem ser salvos, ou ainda o zumbi espancado ao som de Don’t Stop Me Now, do Queen. Isso sem contar com o bem bolado início onde as pessoas agem como zumbis no seu dia a dia, e a genial sequência onde Pegg vai até o mercado sem reparar nos zumbis em volta.

Wright e Pegg eram ilustres desconhecidos. Mas depois deste filme e da parceria seguinte Chumbo Grosso, eles carimbaram o passaporte para Hollywood. Wright fez o divertido Scott Pilgrim Contra O Mundo, enquanto Pegg virou um nome conhecido, com filmes como Star Trek, Um Louco Apaixonado e A Era do Gelo 3 no currículo.

E Pegg não é o único destaque do bem entrosado elenco. Pegg tem uma boa parceria com Nick Frost (além deste, de Chumbo Grosso e de Paul, ambos estarão juntos no novo Spielberg, As Aventuras de Tintim). E o filme ainda tem Bill Nighy num papel pequeno.

O dvd ainda traz um extra genial: os furos do roteiro! Em um extra chamado “plot holes”, três trechos mal explicados são contados, em forma de história em quadrinhos, narrados pelo próprio personagem. Legal, não?

A única bola fora é o nome em português. Por que diabos associar este filme à franquia Todo Mundo em Pânico? São filmes de estilos diferentes, para públicos diferentes…

Enfim, se você não viu Todo Mundo Quase Morto, corra para ver. Se já viu, é hora de rever!

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Se você gostou de Todo Mundo Quase Morto, o Blog do Heu recomenda:
Fido – O Mascote
Chumbo Grosso

Paul

Scott Pilgrim Contra O Mundo

Scott Pilgrim Contra O Mundo

Encerrei bem minha maratona pessoal de 21 filmes em pouco mais de duas semanas (na verdade, vi 24 filmes da programação, mas três heu já tinha visto antes). Ontem vi o divertido Scott Pilgrim Contra O Mundo!

Scott Pilgrim (Michael Cera) tem 23 anos e é um cara comum. Tem cara de nerd e toca baixo numa banda de garagem, a Sex Bob-Omb. Até que um dia conhece Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), e, apaixonado, tem que enfrentar os seus sete malignos ex-namorados, dispostos a lutar até a morte com qualquer um que quiser ficar com ela.

Baseado na história em quadrinhos “Scott Pilgrim”, de Bryan Lee O’Malley, este é o primeiro filme americano do diretor inglês Edgard Wright, o mesmo de Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso. Seu estilo ágil, de cortes rápidos, funcionou perfeitamente nesta excelente adaptação de quadrinhos misturados com videogames.

Hoje em dia está na moda se falar de boas adaptações de quadrinhos, né? Afinal, temos tido vários filmes muito bons com personagens oriundos de hqs, como os recentes filmes do Batman e do Homem de Ferro. Mas são filmes com cara de filme. Já Scott Pilgrim Contra O Mundo não tem cara de filme, tem cara de quadrinhos. Temos até onomatopeias escritas na tela! Poucas vezes um filme foi tão parecido com uma hq. Sin City e 300 também são assim, mas estas são duas graphic novels, enquanto Scott Pilgrim parece mais um gibi. Não conheço os quadrinhos originais, mas li que os trechos em animação foram tirados dos mesmos. Ou seja, literalmente, vemos os quadrinhos na tela do cinema.

E não só quadrinhos, como também videogame. As lutas entre Scott e os ex-namorados malignos são iguais a games de luta, inclusive com direito a golpes especiais, pontuação e vidas extras no fim da luta! O filme ainda traz inúmeras referências ao universo dos games, como, por exemplo, o nome da banda Sex Bob-Omb – no game Super Mario 2, de 1988, tem um personagem chamado Bob-Omb.

O elenco está perfeito. É difícil imaginar outro ator no lugar de Scott Pilgrim – se não fosse baseado em quadrinhos, dava pra dizer que o roteirista escreveu o papel pensando em Cera. Mary Elizabeth Winstead, depois de Duro de Matar 4 e À Prova de Morte, também está ok, assim como a oscarizável Anna Kendrick. E o resto do elenco principal, cheio de nomes pouco conhecidos, também funciona bem: Ellen Wong, Aubrey Plaza, Alison Pill, Mark Webber, Johnny Simmons e Kieran Culkin – o irmão do sumido Macauley Culkin está impagável como o colega de quarto gay.

Ainda tem mais gente legal no elenco. Alguns atores famosos fazem pequenos papeis como alguns dos ex-namorados. Temos Chris Evans (que foi o Tocha Humana em Quarteto Fantástico e será o novo Capitão América), Brandon Routh (o Superman do filme de 2006) e Jason Schwartzman. Isso sem contar numa ponta não creditada de Thomas Jane, como um policial vegan.

O roteiro é uma grande e divertidíssima bobagem. Claro que não dá pra levar a sério uma “liga de ex-namorados malignos”, né? Mas isso traz situações engraçadíssimas – cada luta é melhor que a anterior (pra ser sincero, só não gostei da luta dos gêmeos). E a luta final é muito, muito boa!

Enfim, diversão garantida. Foi divulgado que o filme teria cópias com legendas eletrônicas, mas a cópia já estava legendada – deve entrar em cartaz em breve!

Chumbo Grosso

hotfuzz

Chumbo Grosso

Antes de falar de Chumbo Grosso, precisamos falar de Todo Mundo Quase Morto (The Shaun of the Dead), que, apesar do infeliz título em português, é uma ótima comédia inglesa de 2004, que satirizava filmes de zumbi – inclusive no nome (Madrugada dos Mortos – Dawn of the Dead). Se você gosta de boas comédias e não viu esta, corra pra locadora ou pro torrent!

A mesma equipe que fez Todo Mundo Quase Morto – diretor, roteiristas e atores principais – resolveu fazer um policial, esse Chumbo Grosso.

Bem, desta vez o humor é bem menos escrachado. Nicholas Angel (Simon Pegg, também roteirista) é um policial “caxias” de Londres. Tão caxias que trabalha mais do que todos os seus colegas, e por causa disso é transferido para Sanford, uma pequena e pacata cidade do interior. É deste confronto que o filme trata.

O humor é mais contido, pode até passar por um filme policial em vez de comédia. Inclusive, tem uma trama com um assassino misterioso, boas cenas de mortes e também boas cenas de ação.

Foi mal lançado aqui no Brasil, mas se procurar, dá pra achar…