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Nós e Eu

Crítica – Nós e Eu

Filme novo do Michel Gondry!

No último dia de aula, um grupo de adolescentes, alunos de uma escola nova-iorquina do Bronx, sobem no ônibus para realizar o último trajeto juntos antes das férias de verão. Aos poucos o ônibus se esvazia e as relações lá dentro se transformam. Ao se tornarem mais íntimos, facetas ocultas da personalidade de cada um se revelam.

Michel Gondry é o autor do excepcional Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, um dos melhores filmes dos últimos anos. Mas o problema de ter um filme desses no currículo é viver à sombra dele – quando Gondry fará algo do mesmo nível?

Em 2008, Gondry fez Rebobine Por Favor, um filme simpático, mas longe de ser genial. No mesmo ano, fez uma das três histórias de Tokyo!, um filminho na fronteira entre o simpático e o bobinho. E em 2011 dirigiu o fraco Besouro Verde, um dos piores filmes do ano. Será que agora Gondry está “de volta”?

Bem, Nós e Eu (The We And The I, no original) é muito melhor que Besouro Verde (porque ia ser difícil ser pior, né?). Mas segue um estilo completamente diferente!

Gondry deixa de lado o ar de fábula moderna que acompanha o seu filme mais famoso (também presente em Rebobine Por Favor) e faz um filme mais “pé no chão”, mostrando um grupo de adolescentes saindo da escola. Diferente dos outros filmes, Nós e Eu não tem nada de “mágico”.

O filme se passa quase todo dentro do ônibus, e em tempo real – o que acontece fora do ônibus é mostrado em flashbacks de personagens que estão dentro do ônibus. Mais: aparentemente, nenhum dos atores é profissional, os nomes dos personagens são os mesmos dos atores que os interpretam.

Com esse ar de “cinema verdade”, meio documentário, Gondry conseguiu montar um excelente microcosmo do universo adolescente de negros e latinos de Nova York. Tem de tudo dentro o ônibus: valentões, rejeitados, nerds, artistas, brigas, tentativas de namoro…

O roteiro (do próprio Gondry) é muito bem construído. A duração do filme é a mesma do trajeto do ônibus entre a escola e o último aluno a saltar. As cenas de fora do ônibus são inseridas nas doses certas. O ritmo do filme é bem interessante, o hip hop da trilha sonora ajudou a dar agilidade à narrativa.

Me lembrei de As Melhores Coisas Do Mundo, filme nacional que também usou atores amadores para fazer um retrato da nova geração. No filme nacional, tive dificuldade com o áudio, vários dos diálogos são incompreensíveis. Aqui não tive problemas, mesmo com alguns sotaques complicados, o som é bem melhor!

Nós e Eu não é um filme convencional, nem sei se vai ser lançado no circuito. Mas é um bom filme. Só não espere um novo Brilho Eterno.

Moonrise Kingdom

Crítica – Moonrise Kingdom

Não sei por que, mas heu nunca tinha visto nenhum filme do Wes Anderson. Aproveitei o Festival pra consertar esta “falha”!

Verão de 1965. Em uma pequena ilha na costa da Nova Inglaterra, Sam e Suzy, que se conheceram um ano antes, combinam de fugir juntos – ela, da casa dos pais; ele, do acampamento escoteiro.

Gostei muito do estilo do diretor. Como disse, este foi o meu primeiro Wes Anderson, mas pelo que li, o estilo dele é sempre assim – Anderson é um daqueles raros casos da Hollywood contemporânea que mantém um estilo próprio (assim como Tim Burton ou Terry Gilliam). Os enquadramentos são sempre bem cuidados – existe uma simetria impressionante em quase todos os planos – e os movimentos de câmera são pensados milimetricamente. Essas características, combinadas com uma trilha sonora fora do lugar comum, uma bela fotografia e personagens muito bem construídos, dão a Moonrise Kingdom um ar delicioso.

O clima deste mezzo drama mezzo comédia é meio fantástico, às vezes parece que estamos vendo um filme de fantasia infanto-juvenil. Aliás, diria que poucas vezes vi no cinema um romance entre adolescentes de uma maneira tão bonita e delicada. Acho que vai ter muito marmanjo saindo do cinema com inveja de uma experiência adolescente dessas.

Claro que o elenco ajuda. Dois adolescentes estreantes fazem o casal principal, Kara Hayward e Jared Gilman – ambos estão ótimos. E eles tem um excelente time de coadjuvantes: Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton, Harvey Keitel e Jason Schwartzman.

Como disse, gostei do filme, assim como gostei do estilo do diretor. Em breve vou procurar os seus outros filmes.

Ladrão de Sonhos

Crítica – Ladrão de Sonhos

De vez em quando cito este Ladrão de Sonhos aqui no blog. Achei que era hora de revê-lo.

Krank, que não consegue sonhar, sequestra crianças para roubar os seus sonhos. One, ex caçador de baleias forte como um cavalo, vai até a Cidade das Crianças Perdidas tentar encontrar seu sobrinho, raptado pelos homens de Krank.

Lançado em 1995, Ladrão de Sonhos é o segundo filme da parceria Jean Pierre Jeunet e Marc Caro, que quatro anos fizeram o genial Delicatessen. O clima aqui é tão bizarro quanto no filme anterior!

Lembro na época do lançamento, cinéfilos celebraram mais um filme da parceria – mal sabíamos que este seria o segundo e último filme da dupla. Logo depois deste filme, Jeunet foi sozinho para Hollywood, onde fez o quarto filme da série Alien, e pouco depois conseguiu seu maior sucesso comercial com O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (que tem um pé no bizarro, mas é bem mais mainstream que seus outros filmes). Jeunet voltaria ao universo de filmes estranhos com Micmacs à Tire-Larigot, de 2009, mas sempre trabalhando sozinho. Já Caro, não sei o que houve com ele, ficou anos sem filmar nada, até que em 2008 lançou o fraco Dante 01

Costumo usar Ladrão de Sonhos ao lado de O Grande Lebowski como exemplos de filmes onde a forma é mais importante que o conteúdo. A trama é boba – mas, além de uma direção de arte impressionante, o filme traz uma galeria de personagens sensacionais! Temos um personagem que é um cérebro dentro de um aquário, outro que são seis clones, duas velhinhas siamesas, uma anã e um fortão, além de um exército de “cíclopes” e várias crianças.

A direção de arte merece um parágrafo à parte. Se o visual em Delicatessen já era bem cuidado, aqui Jeunet e Caro conseguiram um resultado muito interessante. Cada detalhe do cenário, cada figurino (desenhados por Jean-Paul Gaultier), cada cor usada, tudo é feito para compor um visual de sonho / pesadelo poucas vezes visto no cinema. Ângulos pouco comuns usados pelas câmeras de Jeunet e Caro ajudam o clima onírico. De quebra, alguns efeitos especiais mostrando pulgas são extremamente bem feitos (lembrem-se que estávamos no meio dos anos 90, bem antes da enxurrada de cgi). Outro destaque é a música de Angelo Badalamenti, que lembra um velho realejo.

No elenco, só dois nomes conhecidos: Ron Perlman, antes da fama de Hellboy e Sons of Anarchy; e Dominique Pinon, o baixinho esquisito que sempre trabalha com Jeunet (e com Caro, ele também estava em Dante 01). Uma coisa curiosa: existe uma aproximação entre o grandalhão de Perlman e a menina Judith Vittet, de 11 anos, e a leveza da narrativa não faz isso parecer “errado”.

Ladrão de Sonhos é um belo espetáculo. Recomendado àqueles que curtem um visual bem elaborado. E também aos que gostam de uma bizarrice…

2 Coelhos

Crítica – 2 Coelhos

Uêba! Filme nacional com cara de blockbuster hollywoodiano!

Insatisfeito com a vida, Edgar resolve elaborar um plano que colocará criminosos e corruptos em rota de colisão, e assim matar 2 coelhos com uma “caixa d’água” só.

2 Coelhos mostra o cinema nacional como poucas vezes visto. Cenas de ação, tiroteios e explosões, trechos em animação e muita câmera lenta. E o melhor: tudo feito com boa qualidade. Os fãs dos blockbusters americanos não tem o que reclamar.

Méritos para o diretor/produtor/roteirista/editor Afonso Poyart, que soube misturar de maneira primorosa a linguagem de comerciais e videoclipes com um roteiro cheio de violência estilizada e referências nerds, e nos trazer o que seria uma continuação do caminho trilhado por Cidade de Deus e Tropa de Elite. E isso sem se basear apenas nos “primos” brasileiros badalados. Porque o liquidificador de Poyart traz, além dos nacionais, elementos do cinema hollywoodiano de Quentin Tarantino, Robert Rodriguez, Zack Snyder e Guy Ritchie.

Li pela internet alguns comentários sobre 2 Coelhos “pecar pelo excesso” – muita câmera lenta, muitos cortes rápidos, muita edição estilizada… Discordo. Acho que o objetivo de Poyart era exatamente este. E heu sou um dos que gosta deste tipo de excesso.

O roteiro é bem amarrado, a trama rocambolesca e os vários personagens são apresentados aos poucos, com o uso de vários flashbacks. Tudo funciona redondinho. Só tem um problema: achei que a trama dá tantas voltas que o plano de Edgar peca por precisar de muitos fatores improváveis para ser bem sucedido. Muita coisa diferente tinha que acontecer ao mesmo tempo, achei isso meio forçado. Para usar uma referência nerd, acho que Edgar precisaria de algo parecido com o gerador de improbabilidade infinita…

Os atores estão excelentes. Fernando Alves Pinto lidera um elenco que conta com Alessandra Negrini, Aldine Muller, Caco Ciocler, Marat Descartes, Thaide, Thogun, Neco Vila Lobos – todos estão bem. Os personagens bem construídos e o roteiro com diálogos divertidos devem ter ajudado o trabalho dos atores.

O resultado final não vai agradar a todos, porque muitos cinéfilos que apreciam o cinema nacional não aceitam o cinema pop; por outro lado, fãs de blockbusters muitas vezes têm preconceito com filmes feitos aqui no Brasil. Mas acho que quem curte o estilo e for ao cinema sem preconceitos não vai se decepcionar.

Parabéns a Afonso Poyart pelo seu início de carreira. Continue assim!

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Se você gostou de 2 Coelhos, o Blog do Heu recomenda:
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Sin City – A Cidade do Pecado

Crítica – Sin City – A Cidade do Pecado

Comprei uma edição dupla gringa de Sin City – A Cidade do Pecado em blu-ray, com duas versões do filme – além da versão que passou nos cinemas, tem a “extended”, “uncut” e “recut”. Revi a original, assim que ver a outra, compará-las-ei no TBBT. Mas, antes disso, vou falar do filme aqui.

Adaptação da graphic novel de Frank Miller, Sin City – A Cidade do Pecado mostra três histórias interligadas, envolvendo policiais corruptos, mulheres sedutoras e marginais durões, uns em busca de vingança, outros em busca de redenção.

Sin City – A Cidade do Pecado é uma das melhores adaptações da história do cinema. Aliás, nem sei se dá pra chamar de adaptação, porque às vezes nem parece filme, parece que estamos vendo na tela os quadrinhos da graphic novel.

A história disso vale ser contada. Um dos maiores nomes da história dos quadrinhos, Frank Miller não tinha um bom currículo em Hollywood. O convidaram para escrever os roteiros do fraco Robocop 2 e do ainda mais fraco Robocop 3. Miller deve ter ficado traumatizado, já que se afastou do cinema – pra que se aventurar num terreno onde não conseguiu bons resultados?

Aí apareceu Robert Rodriguez, que já tinha alguns sucessos na filmografia (A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Prova Final, Era Uma Vez no México). Rodriguez chamou Josh Hartnett e Marley Shelton e fez, sem ter a aprovação de ninguém, um filminho de poucos minutos, capturando o estilo da graphic novel. E perturbou Miller até conseguir mostrá-lo. Com esse curto filme, convenceu Miller a acompanhá-lo ao set e dividir com ele a cadeira de diretor. Miller pensaria nos quadrinhos da sua graphic novel, enquanto Rodriguez se preocuparia com a parte técnica.

Antes avesso a adaptações cinematográficas, Miller agora sabia que sua graphic novel tinha boas chances de virar um bom filme e finalmente aprovou o projeto.

O visual é todo estilizado. Rodriguez filmou tudo em estúdio, e acrescentou os cenários em chroma-key. O filme é preto e branco, com alguns detalhes coloridos (olhos azuis de uma personagem aqui, tênis vermelho de outro personagem ali). Mais: o preto é realmente preto, e o branco é realmente branco, criando contrastes pouco comuns no cinema (mas comuns nos quadrinhos) – o sangue é quase sempre branco em vez de vermelho (e olha que tem muito sangue, o filme é bem violento). Até alguns movimentos de câmera são como se uma câmera estivesse passando sobre a revista. Como disse, a adaptação foi fantástica, como poucas vezes vista na história do cinema.

Os créditos do filme trazem os nomes dos dois como co-diretores, mas o filme é a cara do Robert Rodriguez, que aqui fez o de sempre: além de dirigir, editou, contribuiu com a trilha sonora, coordenou os efeitos especiais, a fotografia… o cara foi até operador de câmera! Robert Rodriguez é um workaholic do cinema!

(Ainda falando de direção, Sin City – A Cidade do Pecado tem uma participação especial de Quentin Tarantino, que dirigiu a cena no carro com Clive Owen e Benicio Del Toro.)

O elenco também chama a atenção: Mickey Rourke, Clive Owen, Rosario Dawson, Jessica Alba, Elijah Wood, Rutger Hauer, Bruce Willis, Carla Gugino, Michael Madsen, Brittany Murphy, Benicio Del Toro, Michael Clarke Duncan, Devon Aoki, Jaime King, Alexis Bledel, Powers Boothe, além de Josh Hartnett e Marley Shelton (o curta feito antes por Rodriguez foi aproveitado, e abre o filme). Nada mal, não?

Claro, o filme não é para qualquer um. O ritmo quase sempre com narração em off pode cansar. Outra coisa que pode desagradar são os personagens, quase todos no limite da caricatura – todos os homens são durões, todas as mulheres são fatais e gostosonas. Pelo menos essas duas coisas ajudam a criar um clima de filme noir diferente…

Desde a época do lançamento (2005), rola um boato sobre uma continuação. Mas até hoje, sete anos depois, não há nada confirmado. Se vier, que mantenha a qualidade!

p.s.: Frank Miller tentou de novo, e, três anos depois, dirigiu The Spirit. Mas foi um fracasso. Senti falta do Robert Rodriguez.

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Se você gostou de Sin City – A Cidade do Pecado, o Blog do Heu recomenda:
Sucker Punch – Mundo Surreal
Watchmen
300

Catch.44

Catch.44

No post sobre Nude Nuns With Big Guns, comentei sobre a influência de Tarantino e Rodriguez no cinema contemporâneo, e sobre alguns péssimos efeitos colaterais causados. Este Catch.44 sofre do mesmo mal…

Um chefão do tráfico manda uma gangue de três mulheres para um restaurante isolado, para interceptar um carregamento de drogas. Mas nem tudo sai como planejado.

Tudo aqui emula o estilo de Quentin Tarantino. A edição fora da ordem cronológica, trilha sonora “muderna”, personagens violentos porém cool e tentativa de diálogos “espertinhos”. Rolam até algumas falhas à la Grindhouse! Isso seria legal, se o filme fosse bom. Pena que não é.

O diretor e roteirista Aaron Harvey se preocupou em imitar o visual do Tarantino, mas se esqueceu do conteúdo. Seu filme é vazio! Os personagens são rasos, só existe um fiapo de trama e os diálogos são pobres – aquela cena quando Bruce Willis contrata Malin Akerman tem um dos piores diálogos que vi nos últimos tempos. E qual foi o sentido daquela piada velha contada no carro?

Pior é que o elenco engana. Além dos já citados Willis e Akerman, o filme ainda conta com Forest Whitaker (sua atuação é uma das poucas coisas boas aqui), Deborah Ann Woll (a Jessica de True Blood) e Brad Dourif (numa ponta onde mal aparece). Um elenco que merecia um filme melhorzinho.

Catch.44 não é de todo ruim, algumas coisas se salvam, Forest Whitaker manda bem, a trilha sonora tarantinesca é legal… Mas é pouco. Sr. Harvey, da próxima vez, deixe a tarefa para pessoas mais competentes, ok?

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Kill Bill Vol 2

Crítica – Kill Bill Vol 2

E vamos à conclusão de uma das melhores sagas de vingança da história do cinema! Depois do sangrento Vol 1, a Noiva continua sua busca pela vingança contra o seu ex-patrão Bill, e os dois ex-comparsas que ainda estão vivos.

Como falei no post sobre Kill Bill Vol 1, a separação entre os dois filmes não é uma mera jogada de marketing, como aconteceu com o último Harry Potter, ou último Crepúsculo que está em cartaz nos cinemas – filmes que eram pra ser um só, mas resolveram lançar em duas partes para faturar em dobro. Os dois Kill Bill são bem diferentes entre si!

Se no Vol 1 tudo tinha ritmo frenético, aqui rola muito pouca ação. Na verdade, só tem uma grande luta, aquela entre Uma Thurman e Daryl Hannah – aliás, uma divertida luta, com os exageros típicos do primeiro filme (li nalgum lugar que as coreografias foram inspiradas na série Jackass). O Vol 2 tem um ritmo bem diferente, bem mais tranquilo.

SPOILERS ABAIXO!

SPOILERS ABAIXO!

SPOILERS ABAIXO!

Ouvi muitas críticas à luta entre a Noiva e Bill, a rápida luta onde é usado o golpe dos cinco pontos que explodem o coração. Mas heu particularmente achei aquilo sensacional. Durante quase quatro horas, Tarantino cria uma grande expectativa sobre o grande duelo final. E quando chega o momento, Tarantino simplesmente frustra todo mundo, jogando um balde de água fria na expectativa criada. Genial!

FIM DOS SPOILERS!

O roteiro, mais uma vez escrito pelo próprio Tarantino, é impecável. Como já é comum nos seus filmes, a linha temporal não é 100% linear, mas até que aqui são poucos os flashbacks

No elenco, Uma Thurman brilha mais uma vez no papel da vingativa Noiva. Se não tem mais Lucy Liu e Vivica A. Fox no elenco (elas aparecem rapidamente no fim da cena a igreja), aqui, no segundo filme, tem espaço para os outros astros, David Carradine, Michael Madsen e a já citada Daryl Hannah. Samuel L. Jackson faz uma ponta como o organista da igreja, e Gordon Liu faz o ótimo Pai Mei (as cenas de Pai Mei foram filmadas como velhos filmes orientais de pancadaria – muito boa a sacada!).

Na comparação com a primeira parte, porém, este Vol 2 fica para trás, na minha humilde opinião. Não que seja ruim, longe disso – mas é que prefiro o ritmo acelerado do Vol 1… Mas, enfim, os dois filmes foram feitos para serem vistos juntos!

(Existe no imdb uma página sobre um suposto Vol 3, a ser feito e lançado em 2014l. Será que vai rolar? Bem, no fim do Vol 2, existe uma interrogação no nome da Elle Driver, personagem da Daryl Hannah…)

Filmaço!

p.s.: Só falta Jackie Brown e Grande Hotel!

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Se você gostou de Kill Bill Vol 2, o Blog do Heu recomenda:
Pulp Fiction
Bastardos Inglórios
Cães de Aluguel
Um Drink no Inferno

Alien Lésbica Solteira Procura

Crítica – Alien Lésbica Solteira Procura

Um filme com o nome Alien Lésbica Solteira Procura precisa ser visto porque… Ora, porque se chama Alien Lésbica Solteira Procura!

O planeta Zots está com problemas na camada de ozônio, e descobre que isso é causado por emoções intensas vividas por seus habitantes. Então, resolve mandar alienígenas lésbicas para a Terra para sofrerem decepções amorosas e terem o coração partido.

Desde que li a programação do Festival, fiquei com vontade de ver Alien Lésbica Solteira Procura. Claro que a expectativa era baixa, dificilmente o filme ia ser melhor que o título (como aconteceu com Matadores de Vampiras Lésbicas). Mas… Não é que o filme é divertido?

Parece uma mistura de Go Fish (filme lésbico dos anos 90) e O Balconista (ambos filmes independentes em preto e branco), com uma pitada de humor televisivo a la Saturday Night Live e 3rd Rock From The Sun. O humor do filme às vezes é bobo, mas tem uma boa piada aqui e outra acolá.

A parte técnica é bem amadora. A nave alienígena parece feita com duas quentinhas! Lembrou o estilo de Plan 9, do Ed Wood. Mas, como não é pra levar a sério, não atrapalha.

O filme é curto, uma hora e quinze minutos, mas mesmo assim rola encheção de linguiça – aquela trama paralela dos agentes do governo é desnecessária. Mas, como heu não esperava nada demais, foi até uma agradável sessão de cinema.

Amor Debaixo D’Água

Crítica – Amor Debaixo D’Água

Tem uns filmes por aí que exemplificam perfeitamente o espírito da mostra Midnight Movies. O japonês Amor Debaixo D’Água (Onna no kappa, no original) é um desses.

Saca só a sinopse: Asuka encontra um kappa, ser mitológico japonês. Aí descobre que ele é Aoki, um colega que morreu afogado aos 17 anos.  Como se não bastasse, o filme é um musical erótico!

O tal kappa é um ator com uma máscara em formato de bico e um casco de tartaruga nas costas. Mas é uma máscara mal feita, e um casco colado na camisa. E ainda tem um chapeuzinho estranho. Tosco, tosco, tosco…

As músicas são bizarras, parecem tocadas por um teclado arranjador de churrascaria, com aquela bateriazinha eletrônica tosca. As coreografias são coerentes com a tosqueira – sensação de vergonha alheia.

E as cenas de sexo? O sexo entre humanos é até normal. Mas o kappa também faz sexo. Olha, é impossível não rir quando o kappa mostra suas “partes íntimas”…

O filme é tão esquisito que fica difícil de dizer se é bom ou ruim. É estranho demais pra ser bom; é bizarro demais pra ser ruim. Pelo menos é engraçado, algumas partes são hilárias!

Lembrei de As Bonecas Safadas de Dasepo, outro filme oriental bizarro que vi num Festival e depois nunca mais ouvi falar. Taí, Amor Debaixo D’Água faria uma boa sessão dupla com Dasepo

Batalha Real 3D

Crítica – Batalha Real 3D

Gosto muito dos dois filmes japoneses Battle Royale – tenho um dvd duplo com os dois filmes, de 2000 e 2003. Acho o conceito genial: um jogo onde alunos indisciplinados têm que se matar até sobrar apenas um. Quando soube de um novo filme, em 3D, logo virou um dos mais aguardados do Festival do Rio 2011.

Mas…

1- O guia do Festival fala em “nova versão”. Pensei que era uma continuação ou refilmagem. Nada disso, é exatamente o mesmo filme de 2000, convertido pra 3D. Mas é uma conversão tosca, acho que nunca vi um 3D tão mal feito na minha vida.

2- Ainda o 3D. Ao sair da sala, ouvi algumas pessoas reclamando com o gerente do cinema sobre o 3D. Não foi só impressão minha, houve uma falha técnica, e o efeito 3D não estava realmente funcionando. A imagem aparecia manchada, mas, ao colocar os óculos, as manchas continuavam, e nada de efeito tridimensional. Fiasco total!

Sobre o filme, ja falei dele aqui. É exatamente o mesmo filme, não preciso falar de novo sobre ele.

Battle Royale continua bom. Mas a sessão 3D no Festival foi desnecessária. Se heu soubesse, veria outro filme qualquer no mesmo horário.

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p.s.: Acho muito estranho mudar o nome de um filme depois de anos chamando por outro nome. “Battle Royale” não é “Batalha Real“! É a mesma coisa que alguém resolver chamar Guerra nas Estrelas de Star Wars – OH, WAIT!

😛